MÚSICA
Lazzo Matumbi faz show junino inédito com clássicos de Gonzagão
Repertório do cantor e compositor inclui ainda Dominguinhos e Jackson do Pandeiro
Por Grazy Kaimbé*

Com mais de quatro décadas de carreira, o cantor e compositor Lazzo Matumbi, 68, ícone e voz emblemática da cultura afro-baiana, se prepara para apresentar, pela primeira vez, um show inteiramente dedicado à música junina, homenageando grandes mestres do forró como Luiz Gonzaga, Dominguinhos e Jackson do Pandeiro. A apresentação inédita acontece neste sábado, 14, às 22h, na Casa Rosa, no Rio Vermelho.
O show integra o Forró dos Santos, uma programação especial do espaço que, em seu segundo ano, celebra a tradição nordestina com o frescor de uma das vozes mais marcantes do Brasil.
“Será um show dançante, cheio de emoção. A cada ensaio, a cada nova música que canto, me encanto ainda mais. O público pode esperar canções que tocam o coração, muita alegria e uma entrega total – minha e dos músicos. Tenho certeza de que essa energia vai chegar até as pessoas e gerar um retorno muito positivo”, disse Lazzo em entrevista ao A TARDE.
Participações especiais no show
Lazzo não estará sozinho neste show especial. A apresentação contará com participações da cantora Emili Pinheiro e da jovem sanfoneira Ana Júlia, mais conhecida como Julinha, de apenas 18 anos. “Ela toca sanfona como ninguém. É um talento impressionante”, elogia o artista.
Além dessas participações especiais, o cantor estará acompanhado por uma banda formada pelos músicos Marcos Santos na bateria, Juliano Oliveira e Ícaro nos teclados, e Marcelo Tribal na percussão.
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Repertório afiado
O repertório, de altíssimo nível, foi construído com base em sugestões da banda e com foco em manter o clima tradicional das festas juninas: muito xote, baião e músicas de “ouvir e dançar”.
Segundo Lazzo, a seleção foi feita com cuidado para preservar a essência das canções, respeitando seus arranjos originais. “As pessoas no São João querem dançar, se alegrar. Então eu pensei em músicas que tocam o coração e que também mexem com o corpo”, ressalta.
O repertório varia entre os mestres Luiz Gonzaga — o Rei do Baião — e Dominguinhos, dois pilares da música nordestina que eternizaram clássicos como Asa Branca (1947), Olha pro Céu (1951), Eu Só Quero um Xodó (1973) e De Volta pro Aconchego (1985).
Com arranjos próprios e seu estilo inconfundível, Lazzo oferece interpretações que são, ao mesmo tempo, reverentes e inovadoras, conectando gerações e honrando o legado desses grandes nomes da música popular brasileira.
Do samba-reggae ao forró

Considerado um dos maiores ícones da música baiana, Lazzo Matumbi iniciou sua trajetória artística no bloco afro Ilê Aiyê, onde consolidou suas raízes musicais e sua militância cultural.
Ao longo dessas mais de quatro décadas de carreira, acumulou sucessos que marcaram a história do samba-reggae e da música negra brasileira. Entre suas canções mais emblemáticas estão Me Abraça e Me Beija (1988), do álbum Atrás do Pôr do Sol; A Alegria da Cidade (1986), que exalta a negritude baiana; Do Jeito que Seu Nego Gosta, símbolo de sua sonoridade afro-brasileira; e Abolição, presente no álbum Nada de Graça.
Lazzo nunca se limitou quando o assunto é musicalidade e criatividade. Aberto a novas experiências, o cantor aceitou a sugestão de seu produtor, que o incentivou a entrar no clima das festas juninas sem abrir mão de sua identidade artística.
“Ele me disse: ‘Lazzo, o São João está abrindo espaço para outras sonoridades. Você é um cara que canta de tudo. Por que não interpretar os clássicos que você gosta?’”, relembra o artista.
A proposta não só o encantou como despertou o desejo de revisitar o repertório de mestres como Luiz Gonzaga, Dominguinhos e Jackson do Pandeiro.
No desafio, Lazzo viu a oportunidade de homenagear a cultura nordestina e, ao mesmo tempo, mostrar seu lado mais romântico — muitas vezes ofuscado pelas canções de denúncia social que marcaram sua carreira.
“O romantismo às vezes pinga em duas, três músicas nos meus shows. Mas dessa vez é diferente. Tem esse chamego, essa coisa de dançar agarradinho, que eu acho linda. Queria muito que Salvador tivesse mais bailes assim, onde as pessoas possam se aproximar, dançar, falar no ouvido, se encantar com a música”, diz.
Para Lazzo, além da celebração musical, essa nova fase representa também uma forma de se reconectar com a afetividade que marca o espírito junino.
É uma caminhada nova, mas feita na melhor das intenções. Não quero ocupar o espaço de ninguém, só quero somar. As pessoas estão carentes de carinho, de dengo. E essa festa é totalmente familiar, é um momento de união. Quero levar minha voz para isso, com amor e respeito
Forró dos Santos da Casa Rosa apresenta: LAZZO MATUMBI – CLÁSSICOS JUNINOS / Sábado (14), 21h30 / Casa Rosa (Praça Colombo, 106 – Rio Vermelho) / Ingressos entre R$ 48 e R$ 80 / Vendas: Sympla
*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.
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